domingo, 27 de setembro de 2009

Grego e Português, primos distantes

Γεια σας! Hoje vou falar sobre etimologia!

Todos sabem que o Português é um parente do Espanhol, do Italiano e do Francês, todos derivados do Latim, assim como muitos sabem que o Inglês e Alemão também são parentes. O que a maioria não sabe, no entanto, é que todas estas línguas são parentes entre si, junto com o Russo, o Polonês, o Persa, o Hindi, o Armênio e até mesmo o Grego!

Preste atenção nos nomes dos números de 1 a 10 em algumas línguas:
Português: Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez
Inglês: One, two, three, four, five, six, seven, eight, nine, ten
Russo: Odin, dva, tri. chetyre, pjat’, shést’, sem’, vosem’, devjat’,  desjat’
Hindi: Ek, do, teen, caar, paanca, ché, saat, aath, nau, das
Grego: Éna, dúo, tría, téssera, pente, eptá, októ, enniá, déka

Essas semelhanças se devem pelo fato de todas estas línguas descenderem de um ancestral comum, chamado Proto-indo-europeu. Apesar de não haver registros, as hipóteses mais aceitas é de que ele fosse falado perto do quarto milênio a.C, e já começara a se diferenciar em diferentes dialetos pelo final do terceiro milênio a.C.

A linhagem que originou o grego parece estar mais proximamente ligada às linhagens indo-iranianas (que incluem o hindi e o persa) e ao armênio, apesar de esta não ser uma opinião geral. O certo é que o grego foi uma das linhagens que se manteve mais “constante” com o passar dos milênios, não tendo derivado em um número tão grande de línguas filhas como aconteceu com as linhagens itálica (latim, português, francês…), eslava (russo, tcheco, polonês…) e germânica (inglês, alemão, sueco…).

Falando um pouco mais sobre o proto-indo-europeu, vejamos quais os fonemas que foram reconstruídos para esse idioma ancestral.
Como vogais verdadeiras, havia apenas uma posterior o e uma anterior e e nada mais.
Quanto às consoantes, elas incluíam 5 conjuntos de oclusivas, duas nasais, duas líquidas, uma sibilante , duas aproximantes e três ou quatro faríngeas.
1. Oclusivas bilabiais: P (como em pato), B (como em bato), BH (como no inglês noob hero)
2. Oclusivas coronais: T (como em tom), D (como em dom), DH (como no inglês had hidden)
3. Oclusivas velares: K (como em cota), G (como em gota), GH (como em leg horn)
4. Oclusivas palato-velares: KY (como em obséquio), GJ (como em águia), GJH
5. Oclusivas lábio-velares: KW (como em quando), GW (como em água), GWH
6. Nasais: M (como em mato), N (como em nato)
7. Líquidas: L (como em lua), R (como em rua)
8. Sibilante: S (como em saco)
9. Aproximantes: Y (como no inglês yes) e W (como no inglês way)
10. Faríngeas: este conjunto inclui 3 sons transcritos como h1, h2 e h3. A verdadeira natureza destes sons é alvo de disputas, variando entre um h do inglês, um j espanhol, uma parada glotal (como em n-n pra dizer “não”), entre outros. O certo é que a consoante h2, quando junto à vogal E, em muitas línguas derivadas transformou esse som em A, sendo então chamada de “a-colorante”, enquanto h3 transformava E em O, sendo conhecida como “o-colorante” e, portanto, provavelmente sendo acompanhada de uma labialização. Já h1 se mostrou mais neutra.
As consoantes M, N, R, L, Y e W podiam funcionar como núcleos silábicos, agindo como se fossem vogais. Grande parte dos Is e Us das línguas indo-europeias vieram de Y e W.

Os números de 1 a 10 reconstruídos no proto-indo-europeu são:
1. oy(nos)
2. dwoh1 ou dweh3
3. treyes
4. kwetwores
5. penkwe
6. swekys
7. septm
8. okto
9. h1newn
10. dekymnt

No próximo post falarei sobre as mudanças sonoras que ocorreram do proto-indo-europeu para o grego, o latim e o inglês e como achar palavras cognatas que muitas vezes parecem tão diferentes. Você sabia, por exemplo, que “wolf”, “lupus” e “lúkos” tem a mesma origem?
Até o próximo post! (talvez ainda hoje!)

Um comentário:

  1. Bom dia,
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